São Cipriano, Resende



Geografia

A freguesia de São Cipriano do concelho de Resende, distrito de Viseu, abrange uma área aproximada de 6,18 km².

Esta freguesia é limitada a Norte pela freguesia de Freigil, a Nascente pelas freguesias de Cárquere e São Romão de Aregos, a Poente pela freguesia de Ramires do concelho de Cinfães e a Sul pela freguesia de Ovadas.

Actualmente é constituída pelas povoações de Boavista, Brejo, Carril, Covelinhas, Galizes, Lagares, Lagariça, Louredo, Matos, Nogueira, Prado, Torrinha e Vila Nova.

Segundo a descrição do Padre Alberto Pereira Cardoso, na sua Monografia de São Cipriano de Resende, S.Cipriano “É uma terra de encantos naturais, situada numa região fertilíssima, admirável pelas suas formosíssimas paisagens, cheias de sol, de céu azul, de campos floridos e que pela sua beleza, impressiona todas as pessoas que a visitam.”

A freguesia é também muito acentuada principalmente quando se debruça para o rio Cabrum, este passando na ponte de Ovadas a uma altitude 585 metros descendo ao longo de 4 quilómetros uns 225 metros para passar na ponte da Lagariça a uma altitude 330 metros, indo assim desaguar ao rio Douro.

A parte mais alta da freguesia situa-se a 902 metros de altura num local denominado por Masseiras.

Nos últimos censos de 2001 a freguesia era composta por 854 habitantes.

A nível de clima a freguesia situa-se como o resto do concelho numa posição intermédia entre o clima da fachada atlântica, de Verões amenos e Invernos frios e pluviosos e o clima do interior baixo do vale do Douro, com Verões quentes e secos e invernos moderados de fraca precipitação. A freguesia apresenta as características de Invernos frios e pluviosos do clima da fachada atlântica e de Verões quentes e secos do clima do interior baixo do vale do Douro.

A freguesia é também assolada por trovoadas mais ou menos intensas, o nevoeiro e a geada ocorrem com frequência, no vale do rio Cabrum, nos meses de Inverno, ocasionalmente pode ocorrer quedas de neve, granizo ou saraiva.

Geologicamente a freguesia é toda ela constituída por rochas de natureza granítica.

História

Desde tempos remotos que o planeta Terra é habitado por seres vivos de espécies variadíssimas, entre elas destaca-se uma que desenvolveu-se e adaptou-se ao meio que a rodeia.

A espécie Humana desenvolveu-se a ponto de deixar marcas no planeta, os frutos dessas marcas são todos os vestígios que se preservaram e resistiram as forças do tempo chegando assim aos nossos dias.

O primeiro documento escrito, que se conhece, a falar das terras de S.Cipriano consta do ano de 946, onde se mencionam as villas de Nogueira e Covelas do Cabrum, actual Covelinhas, numa escritura de Arras de Olivo Tedões a favor de sua esposa Adosinda Gormires

Segundo Joaquim Caetano Pinto, no seu livro “Resende, Monografia do seu Concelho”, as villas de Matos e Lagariça seriam desde cedo promovidas por torre senhorial, tornando-se assim centros de nobreza. Isto confirma as palavras do Padre Alberto Pereira Cardoso, ultimo abade colado da freguesia, que menciona na página 10 das suas folhas com o título de “Monografia de S.Cipriano de Resende”, obra esta inédita, que a freguesia em tempos idos, teve muitas famílias fidalgas e homens ilustres e que muitas famílias nobres doutras terras, dela descenderam, por isso era conhecida por “Freguesia dos fidalgos”.

Esta freguesia foi uma das mais importantes do julgado de Aregos, como o confirmam as Inquirições de D.Afonso III de 1258, nesse documento são enumeradas diversas vilas tais como as já mencionadas Nogueira e Covelas que perdeu o nome de Cabrum e ainda Lagares, Louredo, Lagariça, Matos e Telhado. Nesta altura a vila de Covelas era então de cavaleiros, de mosteiros e igrejas. As vilas de Lagares, Matos, Lagariça e Telhado estavam sujeitas à Coroa apenas em relação aos crimes mais graves, pois beneficiavam do facto de serem Honras antigas. A vila de Louredo tinha quatro casais fidalgos que pagavam foro. Treze casais de Nogueira pertenciam à Ordem Religiosa Militar do Hospital e a fidalgos. Segundo as inquirições estes casais tinham sido de D.Gomes Mendes de Pinheirô e em 1258 eram da Ordem do Hospital, dos filhos de Martin Rodrigues, de Lourenço Peres de Matos e do célebre Mestre Vicente, político influente do reinado de D.Sancho II. Os restantes oito casais pagavam ao rei diversos tributos e obrigações e estavam sujeitos à entrada do mordomo do rei.

Nas inquirições de D.Dinis de 1288, as testemunhas referem que em relação à “quinta” de Matos, “a viram sempre honrada”. Em relação a “quinta” de Nogueira, da qual era senhor Roy Martins de Galafura, o jurado prestou a seguinte declaração: “É honrado e honra seis casais que aí há com esta quinta”.

O rei D.Dinis manda em 1290 redigir as sentenças das referidas Inquirições, respeitando os privilégios destes casais.

Nos séculos XVII e XVIII, S.Cipriano tinha diversas propriedades foreiras a Casas ilustres e as Mosteiros importantes. Os bens destas propriedades foram certamente doados ao longo dos tempos pelos próprios senhores aos mosteiros, como bem de alma ou em troca de qualquer benefício de ordem religiosa. Em Maio de 1242 D.Elvira Ermiges fez um contrato com o Mosteiro de S.João de Tarouca, através do qual lhe cedia um casal situado em Covelinhas, em troca de sepultura no dito Mosteiro. Em 1306 Gonçalo Rodrigues, fidalgo de Galfura, doou ao Mosteiro de Salzedas tudo o que tinha em Covelinhas e em Nogueira de Aregos.

S.Cipriano pertenceu durante toda a Idade Média e Moderna ao concelho e julgado de Aregos, julgado este que desapareceu em 1855 com o advento do Liberalismo, passando a integrar o actual concelho de Resende.


Luís Manuel Cardoso Silva

Assistente de Arqueólogo